quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Paráfrase - O Exame

Não há trabalho para mim devido à minha condição de criado. Não fico me expondo, tenho medo; sequer me junto aos outros na fila, o que é uma das causas de minha desocupação; também, ela pode não ter nada a ver com isso; o importante é que eu não sou chamado para a prestação de serviços; alguns outros foram chamados e não fizeram mais gestões que eu; talvez nem tenham sentido o desejo de serem chamados, o que eu senti, às vezes, muito intensamente.
Permaneço, portanto, no catre, no quarto dos criados. Olhando fixamente para as vigas do teto. Durmo, acordo e volto a dormir. Tem vezes que vou até a taverna onde servem cerveja azeda; algumas vezes, por apetite, viro o copo, mas volto a beber novamente. Gosto de sentar-me onde possa olhar para as janelas de nossa casa; posso estar enganado, pois, alguém falou certa vez, e a fachada o confirma. Só de vez em quando as janelas são abertas, e quem faz isso é um criado. São corredores onde não se pode ser surpreendido. Além disso, não conheço tais criados; dormem em outro lugar; não em meu quarto.
Ao chegar à hospedaria, uma vez, um hóspede já ocupava meu posto de observação; quis sair em seguida, não me atrevi a olhar para onde ele estava. Então o hóspede me chamou, nisso, percebi que era um criado que eu já conhecia, o vi alguma vez em alguma parte.
- Por que estás querendo fugir? Senta-te aqui e bebe comigo, por minha conta.
Perguntou-me alguma coisa logo após eu ter sentado, porém, não consegui responder-lhe, já que não compreendia as perguntas. Disse, então:
- Pode aborrecer-te talvez, o fato de ter-me convidado. Vou-me embora.
Quis levantar, mas ele me manteve em meu lugar ao estender a mão sobre a mesa.
- Fique! - disse ele. Era somente um exame no qual a aprovação depende de não responder às perguntas. 

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